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De repente, a magia do repente

Alunos do campus Caicó recebem noções sobre poesia nordestina

Publicada em 12/04/2011 Atualizada há 1 ano, 3 meses

 

Por André Alves

 

Ele reencontrou colegas, conversou com alunos e, de quebra, fez uma coisa que gosta além da conta, que é falar de cantorias, violeiros e versos, sem esquecer, é claro, de manusear um computador porque, afinal de contas, este é seu principal instrumento de trabalho. Afetos tratados com reciprocidade, o ex-professor de informática do campus Caicó, Fabrício Vale, mostrou sua polivalência na manhã desta terça-feira, ao fazer uma explanação sobre repente, o gênero poético que é a cara do sertão nordestino.

Convidado pelas professoras de português, Fabrício, que agora leciona na UFRN, explicou aos alunos o que é um “galope à beira-mar” e um “13 por 12”. “Os meninos compreenderam a estrutura de alguns gêneros”, acentuou. Entre os cantadores mencionados constaram os cearenses Geraldo Amâncio e Louro Branco, os paraibanos Oliveira de Panelas e Valdir Teles e o pernambucano Ivanildo Vilanova.

“O objetivo dessa conversa foi preparar os alunos para o sábado letivo”, ressalta a professora Melissa Raposo. No próximo sábado ocorrerá no campus Caicó a comemoração do Dia da Poesia, com participação de cantadores e do professor da Universidade Federal de Campina Grande, José Hélder Pinheiro. As atividades estão com início programado a partir das 8h.

O REPENTE – O “galope à beira-mar” tem sua criação atribuída a Zé Pretinho, cantador derrotado numa antológica disputa com um dos maiores poetas nordestinos da história, o Cego Aderaldo. Trata-se de um poema composto por estrofes de dez versos cada, os quais são hendecassílabos, ou seja, com onze sílabas. Uma das belezas do “galope à beira-mar” é o final de cada estrofe, feito de uma forma que traz expressões terminadas com “mar”.

Já o “13 por 12” exige a perícia do cantador em elaborar rimas em “ES”, distribuídas em estrofes de doze versos. Cada estrofe tem uma parte fixa como, por exemplo, “... o cantador de vocês”. Fabrício aponta que, atualmente graças a Internet, há mais facilidade na pesquisa de temas como o repente. “Antes, eu procurava CDs de repentistas”, diz o professor. Agora, mesmo com a ferramenta da Internet, para que o repente seja melhor divulgado, “faltam iniciativas como essas, porque não é toda escola que incentiva esse trabalho”, finaliza.