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Cortez, o plantador de livros

Editor profere palestra em Caicó

Publicada em 23/03/2011 Atualizada há 1 ano, 8 meses

 

Por André Alves

 

O índice de leitura no Brasil é de 3,5%, enquanto que no Nordeste não chega a 2%, situação que faz os brasileiros ostentarem um dos piores índices do mundo. Esses dados assustadores foram revelados pelo editor José Xavier Cortez, durante palestra no campus Caicó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), realizada na manhã de terça-feira desta semana. Proprietário da Editora Cortez, empresa sediada em São Paulo, o livreiro acentuou que “não tem como progredir na vida sem a leitura”.

Nascido na zona rural de Currais Novos, Cortez tem passado nos últimos dias por uma gama de compromissos. Recebeu o título de Cidadão Natalense, participou de rodas de conversas e proferiu palestras. Em Caicó lançou os livros “Como um rio: o percurso do menino Cortez”, escrito por Silmara Rascalha Casadei, e “Cortez: a saga de um sonhador”, da autoria de Teresa Sales e Goimar Dantas. Sua trajetória de vida tem muito a ensinar: agricultor, garimpeiro, balconista, marinheiro, economista e proprietário de editora.

Na palestra da última terça-feira, revelou que gostaria de abrir uma filial da editora no Nordeste, preferencialmente no Rio Grande do Norte, “mas ainda não é possível”. Idealista, afirma que sua empresa é familiar, tem 70 empregados, paga corretamente direitos autorais, tem uma história que não pode ser desprezada e “defende aquilo que acredito”.

Quando se refere ao hábito da leitura, deixa a sensibilidade aflorar: “O livro é um produto muito especial, eleva a nossa alma, o nosso pensamento e nos faz crescer”. O livreiro que recebe em torno de 500 originais por ano, mas que tem condições de somente publicar pouco mais de 70 em período idêntico, afirma que a carga tributária não pesa muito no preço do livro porque este é um produto isento, mas o grande vilão é o preço do papel, dolarizado.

“As pessoas esquecem que o livro pode ser obtido de graça nas bibliotecas”, diz Cortez. O homem que semeia livros a mancheias acrescenta: “Precisamos nos conscientizar que ler é investimento”.