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Brasil tem carência de técnicos, afirma consultor em energia

Especialista também alerta sobre apagões

Publicada em 20/06/2011 Atualizada há 1 ano, 3 meses


Por André Alves

 

Carência de técnicos e também de cursos que possibilitem o desenvolvimento das atividades energéticas relativas ao setor de linhas de transmissão. Esse diagnóstico é do engenheiro Alfredo de Carvalho Filho, consultor de empresas na área de energia elétrica e ex-funcionário da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), durante palestra destinada aos alunos do curso de Eletrotécnica do campus Caicó, na manhã desta segunda-feira. Carvalho apontou que o Brasil passa por sérios problemas causados pela deficiência de técnicos e, mais tarde, em conversa informal com alunos comentou que o país tem uma cultura "engenheirística", realidade que não é tão intensa em muitas nações da Europa e o Japão. Acrescentou já haver trabalhado com muitos japoneses, a maioria técnicos.

"A maior preocupação de empresas como a Chesf é de material humano", acentuou. Em sua palestra sobre construção de linhas de transmissão (LTs), Carvalho ressaltou que escolas técnicas também precisam oferecer cursos na área de topografia, devido à carência desses profissionais no mercado. A média salarial de um técnico em eletrotécnica está em torno de R$ 2 mil, mas segundo Carvalho, algumas empresas chegam a pagar até R$ 4 mil.

"Na construção de uma linha de transmissão procura-se o caminho mais curto para interligar o sistema de geração ao consumidor final", completou. A construção de uma linha de transmissão passa por várias fases, como explicou o palestrante: projeto; topografia; escavação; montagem de estruturas; lançamento de cabos; grampeação e ancoragem; levantamento topográfico; concretagem ou implantação; revisão; nivelamento de cabos e revisão final.

Já um projeto para construção de uma LT deve constar informações como as relativas à menor distância entre os pontos envolvidos, as condições topográficas, os corredores existentes de LTs, os obstáculos a serem atravessados (rios, estradas etc.), áreas urbanas envolvidas (procura-se evitar passar linhas de alta tensão em centros densamente povoados) e impactos ambientais. "Todo trabalho deve ser bem planejado", alertou aos alunos.

ENERGIA - Responsável pela implantação de quatro projetos na área de energia eólica (obtida através do vento), dois na Bahia e dois no Ceará, Carvalho analisa que o potencial hidráulico nordestino não tem mais condições de se expandir. O Rio São Francisco não suporta mais hidrelétricas e agora, para que a região tenha sustentabilidade, será necessário que a energia eólica forneça em torno de 45% do necessário, num futuro não muito longe. "Se não houver desenvolvimento do sistema elétrico podemos ter problemas como apagões, em cinco anos", alerta. As águas do São Francisco, carinhosamente chamado de "Velho Chico", beneficiam sete hidrelétricas nordestinas: Sobradinho, Paulo Afonso (I, II, III e IV), Luís Gonzaga e Xingó.

Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Campina Grande, Alfredo Carvalho é especialista em construção e manutenção de linhas de transmissão. 26 anos de sua vida profissional foram dedicados à Chesf.