Nos dias 17 e 19 de janeiro foi realizada a I Oficina Pedagógica do ano de 2012 do campus Caicó
Publicada em 27/01/2012 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
“As ideias são comonozes,
não descobri melhorprocesso para saber
o que há dentro de umas eoutras
se não quebrá-las”.
Machado de Assis
A complexidade da atuação do profissionalda educação nos Institutos Federais traduz-se nas especificidadesdesse fazer, que exigem a atualização de saberes e deprofissionalismo no acompanhamento e na efetivação do processo deensino e aprendizagem dos discentes.
A concepção de formação continuadadefinida para o Instituto tem como parâmetro o desenvolvimentoprofissional, como uma condição indispensável para a aprendizagempermanente do servidor, com a finalidade de contribuir,continuamente, para o seu desenvolvimento pessoal, cultural eprofissional.
Tendo em vista a formação continuadacitada anteriormente, ocorreu a I Oficina Pedagógica intitulada “Amotivação na sala de aula: resgatando o compromisso em aprender”nos dias 17 e 19 de janeiro de 2012 das 15 às 18 horas, propondo-sea dialogar com os docentes do IFRN – Campus Caicó para repensarformas de motivar os alunos e melhorar o seu rendimento acadêmico,preocupação enfatizada pelos próprios professores do nosso campus.
Enquanto docentes, ao passo que formamosnossos discentes, também experimentamos transformações eaprendizados pelas quais o discente também passa. Conforme asseveraFreire, (2007, p. 23) “Não há docência sem discência” as duasse completam, no processo do ensinar e aprender, e como coloca oautor “ensinar inexiste sem aprender”. Ressaltamos, a partirdesse pressuposto, a necessidade de nos colocarmos enquantoaprendizes, num movimento de ação-reflexão-ação da práticapedagógica.
As pedagogas Débora Suzane de AraújoFaria e Suely Soares da Nóbrega ministraram a Oficina com o objetivode discutir a importância da motivação na sala de aula,compreendendo a complexidade que envolve o processo de ensino eaprendizagem na educação profissional e tecnológica.
Primeiramente, mediante a técnica doorigami realizou-se uma reflexão sobre os problemas e/ou soluçõeselucidadas pelos docentes diante das dificuldades apresentadas pelosalunos. Nesta atividade, o poder de argumentação evidencia que osproblemas ao ser considerados, com empatia, na perspectiva do outro,contribuem para serem reduzidos e/ou resolvidos.
Logo após, utilizou-se o texto “Ahistória do cavalo que não está com sede” de Celéstin Freinetpara discutir sobre o que motiva nosso aluno a aprender na eratecnológica: quais são seus interesses, suas necessidades, suasmotivações. Esse momento foi dinamizado pela participação dosprofessores, que foram previamente convidados para dramatizarem asituação-problema. O texto elucida a necessidade de desafiar osalunos a encontrarem motivos para aprender os conteúdos que lheserão úteis na sua vida, visto que segundo Freinet
[...] o problema essencial danossa educação não é de modo algum – como pretendem hoje nosfazer crer – o “conteúdo” do ensino, mas a preocupaçãoessencial que devemos ter de fazer o aluno sentir sede.
Não preparamos homens queaceitarão passivamente um conteúdo – ortodoxo ou não –, mascidadãos que, amanhã, saberão enfrentar a vida com eficiência eheroísmo e poderão exigir que corra para dentro do tanque a águaclara e pura da verdade.
Diante dessa reflexão, a discussãocontinuou sobre como motivar o aluno na sala de aula, reconhecendo opapel do educador motivador como aquele que provoca, desafia osalunos para o processo de conhecer, desenvolvendo neles aresponsabilidade pela construção autônoma do seu conhecimento. Oque implica também na autoavaliação da prática pedagógicarelacionada ao planejamento curricular, à metodologia docente e aoclima organizacional proporcionado pela instituição. Essasdiscussões levaram a sugestão do próximo tema a ser discutido:AVALIAÇÃO.
A oficina teve como encerramento o poemaMotivo de Cecília Meireles, sendo enfatizado que o resgate aocompromisso em aprenderestá presente nas formas queutilizamos para desafiar a nós mesmos e a nossos alunos, numaperspectiva inovadora do processo de ensino e aprendizagem. E, nessemomento, houve a interação dos docentes para expressar diferentesformas de ler o poema, bem como a exposição de palavras-chave sobreo que representou a sua vivência nas atividades da oficina. Dentreelas, podemos citar: motivador, inovador, acolhimento, recomeço...
Portanto, observou-se a riqueza dasdiscussões elucidadas pelos docentes e o interesse demonstrado portodos em construir uma práxis coletiva baseada na ação/reflexa/açãodo fazer docente, compreendendo a complexidade que envolve o processode ensino e aprendizagem na era tecnológica e suas consequências naeducação profissional.
MOTIVO
Cecília Meireles
Eu canto porque o instanteexiste
E a minha vida estácompleta.
Não sou alegre nem soutriste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nemtormento.
Atravesso noites e dias
No vento.
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço
_ não sei, não sei. Nãosei se fico
Ou passo.
Sei que canto. E a cançãoé tudo
Tem sangue eterno a asaritmada.
E um dia estarei mudo:
_ mais nada.