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Alfabetização

Pescadores de esperança: a cidadania por trás das letras

Projeto "Tarralfas" alfabetiza pescadores e leva cidadania a todos envolvidos

Publicada em 25/09/2017 Atualizada há 1 ano


O projeto de extensão "Tarralfas", que alfabetiza pescadores da praia de Pirangi e acontece na comunidade de Pirangi do Sul, visa levar conhecimento de leitura e escrita, além de formação sócio-política aos participantes. A iniciativa ocorre nas segundas-feiras, das 8 às 11h, no Espaço Marina Pirangi do Sul. Sob a coordenação do professor José Matheus do Nascimento, da Diretoria Acadêmica de Ciências (DIAC/CNAT) e com participação da servidora Maria Soares, o projeto reúne em sua equipe 15 agentes alfabetizadores, entre estudantes de cursos de graduação do Campus Natal-Central do IFRN.

Baseado nas perspectivas metodológicas do educador Paulo Freire, o projeto visa compartilhar conhecimentos, de acordo com uma reflexão sobre a condição sócio-histórica de cada um dos alunos. Para tanto, a atividade de extensão é realizada em etapas e prevê em seu planejamento fases fundamentais como: planejamento e formação dos agentes alfabetizadores; visita à comunidade dos pescadores e pesquisa do universo vocabular dos sujeitos formandos; além de realização de círculos de cultura para conhecer a trajetória de vida dos alfabetizandos assim como alfabetização e letramento dos aprendizes.

De acordo com coordenador, professor José Matheus, o projeto tem sido uma experiência enriquecedora para todos os envolvidos: “O Projeto “Tarralfas” possui uma relevância social muito grande para os sujeitos envolvidos, tanto para os agentes alfabetizadores como para os pescadores alfabetizandos. Os agentes alfabetizadores estão vivenciando uma prática de educação popular singular no contexto da comunidade de pescadores em Pirangi do Sul, RN.”

Segundo a servidora Maria Soares, participar da alfabetização dos pescadores tem sido uma vivência emocionante: “Com apenas dois meses de projeto, um aluno, que não conhecia nem o nome dele, nos apresentou uma nova identidade, dessa vez sem a digital e com sua assinatura. Foi emocionante ver o progresso daqueles pescadores que já haviam perdido a esperança de ser um cidadão, de fato e de direito”.

 Esperança que quase já havia ido embora para seu “Baixinho” que, aos 71 anos de idade, começa a enxergar as letras com um novo olhar: “Aqui em casa todo mundo já sabia ler e escrever, menos eu. Então essa experiência tem sido boa de tudo! Já estou lendo alguma coisa e devagarinho, estou aprendendo. O pessoal de casa dá força e acho ótimo, é uma alegria só”.

Cidadania que transforma não somente a vida de quem aprende como também de quem ensina, caso do aluno Luan Dias Costa, um dos alfabetizadores do projeto, que é aluno do curso de Gestão Pública do Campus Natal-Central: “Compreendo que o aprendizado vai além da troca de experiências e visões de mundo, você aprende a ser um ser humano melhor, a ser útil à sociedade, além de muitas outras coisas você aprende a ter esperança e dedicação”. Dedicação compartilhada também pelo aluno Alexandre Augusto Souza da Silva, de Licenciatura em Matemática, que ressaltou a importância de, enquanto educador, estudar os métodos para ser capaz de ensinar.

Assim como Luan Dias Costa e Alexandre Augusto Souza da Silva, vários alunos participam do projeto, são eles: Michelle Costa (Gestão Pública), Jefferson Duarte (Licenciatura em Matemática), Danyelle Priscila da Silva (Licenciatura em Física),  Adnilton José da Silva (Licenciatura em Matemática), Thierry Ferreira Cavalcanti (Licenciatura em Matemática), Thaíse Suely de França (Licenciatura em Matemática), George Luiz Carneiro Dantas (Licenciatura em Geografia), Maria das Vitórias Diniz de Oliveira (Licenciatura em Matemática), Mythel Higo da Silva (Licenciatura em Matemática), Elimar de Souza Lima Galvão (Licenciatura em Matemática, Geovane Rodrigues dos Santos (Licenciatura em Matemática) e Larissa Bezerra de Oliveira (Tecnologia em Comércio Exterior).