Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre ambientes terrestre e aquático, que possuem espécies características de vegetação, chamadas de mangue, solo lamoso e com pouco oxigênio, e água salgada que sofre grande variação no seu nível devido às flutuações da maré. 

Os manguezais estão entre os ecossistemas mais produtivos e importantes do mundo, purificando e armazenando água, estabilizando a linha costeira contra ações erosivas e reduzindo o impacto de tempestades, furacões e os efeitos das mudanças climáticas. Além disso, serve como área de alimentação, crescimento e reprodução para diversas espécies de animais, alguns como caranguejos e peixes de importância comercial. 

Por toda essa importância ecológica, os manguezais são considerados desde 1965 como Áreas de Preservação Permanente, que são locais que possuem restrições nas atividades de construção, plantações e exploração de seus recursos naturais. 

Porém, mesmo com esta proteção, os manguezais vêm sofrendo grandes impactos com algumas ações do homem, como a exploração desordenada de seus recursos, contaminação por esgoto doméstico e industrial, desmatamento, aterramento e ocupação do solo para a construção de moradias, portos, tanques de extração de sal marinho e viveiros de cultivo de camarão, que podem contribuir muito para a extinção deste ecossistema. Por causa dessas agressões, estima-se que entre 1980 e 2005 ocorreu uma perda de 20% dos manguezais do planeta e que a cada ano ocorre uma diminuição de 1 a 2% de sua área mundial.

Os manguezais são encontrados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, e no Brasil, ocorrem do Amapá até Santa Catarina. No estado do Rio Grande do Norte, os manguezais se distribuem no litoral oriental nas zonas estuarinas dos rios Curimataú, Cunhaú, Potengi, Ceará-Mirim, Nísia Floresta, Papeba e Guaraíra, e no litoral norte nos complexos estuarinos dos rios Apodi–Mossoró e Piranhas–Açu. 

Em sua recente monografia, o aluno Glaicon de Sousa Santos do curso em Licenciatura em Biologia do IFRN/Campus Macau, registrou a ocorrência de 29,02 km² distribuídos em 180 pontos de área de manguezal dentro dos limites do município de Macau, o que corresponde a quase um quarto de toda área encontrada deste ecossistema no Rio Grande do Norte. Além disso, o aluno encontrou um aumento de apenas 1,75% na área de manguezal entre 2002/2003 e 2015/2016, sendo que este aumento só ocorreu nos manguezais dos arredores do centro de Macau, enquanto que para os manguezais do distrito industrial de Umburanas, da Ilha da Casqueira e dos distritos de Barreiras e Diogo Lopes, ocorreu uma diminuição de sua área de distribuição.

Para seu orientador, o professor de Biologia Marinha Dr. José Garcia, a principal importância do trabalho, além dos resultados obtidos, foi testar o uso do Google Earth para se conhecer e delimitar as áreas onde é possível encontrar manguezais em Macau. “Antigamente para se fazer um estudo como este se utilizava fotografias de satélite, onde uma única foto poderia custar entre R$ 2.000,00 a R$ 3.000,00. Já com o Google Earth, só foi gasto tempo de trabalho e dinheiro para o combustível das visitas de comprovação aos manguezais”, diz o professor Garcia. 

Durante essas visitas aos manguezais, Glaicon encontrou grandes áreas em que o mangue está seco e morto, e em vários pontos ao redor da cidade, foi visto muito lixo jogado e até colchão no mangue! “Se continuar assim e não for feito alguma coisa, daqui pouco não teremos mais mangue. Glaicon disse que “pela rapidez, uso gratuito, confiabilidade e facilidade de identificação destes ecossistemas, recomendo o uso do Google Earth para o monitoramento das áreas de manguezal da cidade. Não só pela prefeitura, mas também por qualquer morador que tenha um celular e internet disponível, que pode fiscalizar e denunciar qualquer agressão neste ecossistema tão importante como é o manguezal".