NEABI
Evento realizado pelo Campus São Gonçalo do Amarante marca Semana da Consciência Negra
Nos dias 19 e 20 de novembro, o Neabi realizou o “Novembro Negro: Vozes das Encruzilhadas”.
Publicada em 23/11/2021 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
Por
Juliana Lima – Estagiáriade Comunicação do Campus São Gonçalo do Amarante
A segunda edição do evento promovido pelo
Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas do CampusSão
Gonçalo do Amarante (Neabi/SGA) para celebrar o dia da Consciência Negra aconteceu entre os dias
19 e 20 de novembro com o tema “Vozes das Encruzilhadas”, com
atividades remotas transmitidas pelo Canal YouTube do Campus.
Em parceria com o Núcleo de Arte (Nuarte/SGA) e o Grêmio Estudantil Sérvulo Teixeira, o Neabi deu início ao evento na manhã da sexta-feira (19), com apresentação da coordenadora de Comunicação Social e Eventos, Sirley Fonseca. A abertura foi realizada pela diretora-geral, Marilac de Castro, e a coordenadora do Neabi, professora Candice Azevedo, que falou sobre a importância do evento para a comunidade escolar e externa.
Giras
As mesas redondas foram denominadas “giras” em alusão às rodas realizadas pelas religiões de matriz africana para atrair as entidades. A primeira delas teve como tema “Arte e resistência das negritudes” com mediação do professor João Damasceno e participação do artista Jorge Borges, que cantou e contou um pouco da sua história e como a branquitude transformou, ao longo dos anos, coisas negativas em “coisa de negro”. “A história vai se repetindo e é então que temos que tomar cuidado e tentar mexer para que isso se modifique. Não podemos ficar calados diante do que acontece com a população negra”, comentou o artista.
Na sequência, o “Giradoc: Encruzilhando linguagens” foi transmitidoem parceria com o CampusSão Paulo do Potengi, com o tema “O som dos tambores: ritmos africanos”. A professora de música daquele Campus, Priscila Souza, apresentou o documentário “Noite dos tambores”, dirigido pelo antropólogo Diogo Moreno.
Além do diretor do curta, também participaram da gira o coordenador do grupo Herdeiros de Zumbi, do município de Sibaúma, Laelson Marques, o fundador da primeira Nação de Maracatu do Rio Grande do Norte, Kleber Moreira, além de Danúbio Gomes, do Grupo artístico pedagógico Pau e Lata.“A cultura é mutável e ainda bem que é assim. É importante saber de onde viemos para entender quem somos e para onde vamos”, falou Danúbio Gomes.
A segunda gira, com o tema “Contracolonize-se!”, contou com a participação da professora e pesquisadora em Direito da UPE, Clarisse Marques, que apresentou o projeto “Ser quilombola”, desenvolvido em comunidades quilombolas do estado de Pernambuco. Nele, alunos calcularam a distância dessas comunidades em relação a escolas, creches e unidades de saúde e discutiram sobre o esquecimento dessa população por parte do poder público.
Também participaram da mesa redonda o professor de literatura hispano-americana e pesquisador da UFRN, Rogério Mendes Coelho, e o sociólogo e coordenador geral do Neabi do IFRN, Gilson José Rodrigues Júnior. Os convidados falaram sobre descolonização, além de levantarem questões sobre a importância de consumir obras literárias de autores negros e o quanto essa descolonização é um convite à liberdade.
Na programação da tarde, as oficinas, chamadas de “Gira Vozes”, aconteceram através da plataforma Google Meet e foram intituladas "Os pés que nos antecedem: a poesia no resgate da memória”, com mediação de Fabiane Marques, e “Cultura afro-brasileira na escola: uma prática antirracista”, mediada por Gláucio Teixeira.
No início da noite, foi a vez da “Gira Consciência”, que teve como tema “Políticas de reparação na educação: porque a vida e o futuro dos negros importam para todos, todas e todes”, com participação da professora do Departamento de História da UFRN, Juliana Teixeira de Souza, que falou sobre a importância da educação na comunidade negra e das leis existentes na Constituição do país que devem ser cumpridas. O professor Jefferson Pereira foi responsável pela mediação.
A terceira e última gira aconteceu na manhã do sábado (20) com participação da doutora em Ciências da Computação e pró-reitora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), Eunice Palmeira da Silva, que contou sua história dentro de uma área dominada por homens e, em sua maioria, brancos.
A mesa redonda teve como tema “A mulher negra latino-americana nas ciências exatas: pesquisa, cidadania e identidade”. A convidada falou também sobre a importância da educação em sua vida. “De uma infância humilde a pró-reitoria do IFAL. Eu saí da usina Alegria para me tornar hoje essa mulher de 47 anos e realizada. A educação transformou minha vida e sempre é preciso acreditar em nós mesmos”, comentou.
Encerrando o evento, o Nuarte promoveu em seu site e rede social a atividade “Gira Mundo Mostra Virtual”, com exposição audiovisual de trabalhos como desenhos, pinturas e poesia. As manifestações artísticas sobre negritude foram enviadas pela comunidade escolar do Campus para fazerem parte do acervo permanente do Núcleo.
O sucesso do evento
A equipe do Neabi avaliou o “Novembro Negro: Vozes das Encruzilhadas” como sendo um sucesso. Para a coordenadora Candice Azevedo, o evento foi uma oportunidade do Campus se dedicar integralmente a uma pauta que faz parte da integração dos cursos, já que as aulas foram suspensas e os servidores e alunos puderam participar.
“O evento foi muito bom, tivemos as giras e oficinas com participação de professores da rede municipal de São Gonçalo, além de pessoas de outros campi no evento como um todo. Houve atividades com mais de mil visualizações”, comentou a coordenadora.
Estão previstas outras ações que serão realizadas pelo Neabi, além dos dois grandes eventos como o Abril Indígena e Novembro Negro, que já fazem parte do calendário, como atividades mensais voltadas para os estudos afro-brasileiros e indígenas.
História
O Novembro Negro é o mês dedicado as atividades de luta do movimento que reafirmam o “poder negro” e o orgulho da identidade negra. Um mês com ações que reconhecem a importância de pessoas que lutaram em defesa das vidas negras como Dandara, Carlos Marighella, Maria Quitéria, Luiz Gama e Zumbi dos Palmares.
O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro. Essa data foi escolhida, pois foi nesse dia que um dos maiores líderes quilombolas do Brasil, Zumbi dos Palmares, que lutou pela libertação do povo negro contra o sistema de escravidão, foi morto no ano de 1695 em Alagoas.
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