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Carta Aberta

Reitor repudia ação da PM de Brasília durante protesto

Manifestação acontecia em frente ao Congresso Nacional, no último dia 29

Publicada em 05/12/2016 Atualizada há 1 ano

O Reitor do IFRN, Wyllys Farkatt Tabosa divulgou hoje (5) uma Carta Aberta redigida em conjunto com o Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), Seções Natal e Mossoró, em repúdio à aos procedimentos adotados pela Polícia Militar de Brasília durante o protesto contra a PEC 55 e a MP 746, que tratam, respectivamente, de fixação de um teto para o orçamento público e da reforma do Ensino Médio.

A manifestação estava sendo realizada nas proximidades do Congresso Nacional, em Brasília, no dia 29 de novembro, e foi interrompida por força militar, que reagiu com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás de pimenta. De acordo com organizadores do movimento, cerca de 12 mil pessoas participavam do ato de forma pacífica: estudantes, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MST) e de organizações ligadas às universidades e institutos federais.

Confira abaixo o documento:

Natal, 04 de dezembro de 2016.

Prezados(as) servidores(as), estudantes, pais e sociedade,

O Reitor do IFRN, em conjunto com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) – Seções Natal e Mossoró, vem a público expressar o sentimento de tristeza e repúdio à ação violenta adotada pela Polícia de Brasília, na tarde do dia 29 de novembro, contra estudantes e trabalhadores do nosso país, em especial aqueles que conosco convivem no IFRN.

Nossa Instituição, secularmente atuante no processo de ensino e aprendizagem na Educação Básica, Técnica e Tecnológica, contribuindo para a efetiva formação integral dos cidadãos no Rio Grande do Norte, desenvolve cotidianamente seu fazer com uma prática dialógica e formativa. Trabalhamos arduamente para fortalecer e assegurar a qualidade da Educação, compromisso de cada gestor, cada servidor e cada estudante, de forma responsável e incansável, com processos de ensino e aprendizagem que englobem pensamento crítico, respeito mútuo, diversidade e atendimento à função social do IFRN.

Nossa opção pelo mecanismo do debate intenso fortalece e dá clareza a qualquer proposta surgida no interior da nossa Instituição, legitimando nossas ações e nossas defesas diante da comunidade como um todo.

Nossas convicções, alicerçadas em premissas que nos levem trilhar o caminho do respeito às ideias e ideais, exaltando o processo democrático, na perspectiva de que todos sejam percebidos em suas virtudes e fragilidades, dentro das nossas similitudes e, sobretudo, em nossas diferenças, tratando a todos com a máxima responsabilidade institucional, conduzem-nos a reconhecer na democracia o caminho seguro, ainda que pouco compreendido, para a construção de uma sociedade justa e solidária, entendendo que é na democracia, efetivamente, que podemos ser livres em nossas escolhas, já que a unanimidade não nos parece representar bem os processos verdadeiramente democráticos.

Inseridos na Identidade que construímos, só nos resta repudiar, com a maior veemência possível, o recurso à violência a que foram submetidos nossos estudantes e servidores, presentes para se somarem aos demais do país inteiro contra a PEC 55, em ato legítimo de ativismo no cenário político por entenderem que sua aprovação, sem um efetivo debate com a sociedade, poderá comprometer seriamente as conquistas sociais resultantes da Constituição Federal de 1988. No caso específico da Educação, a aprovação da PEC pode representar estagnação e até mesmo retrocesso face aos avanços alcançados nas últimas décadas.

Entendemo-nos com partícipes e responsáveis diretos por preparar as gerações que estarão à frente da nossa sociedade num futuro próximo, sendo fundamental que nos enxerguemos como parte de um processo contínuo de transição, colocando-nos nessa condição transitória, de acordo com nossas qualidades, experiências, limitações e vulnerabilidades, percebendo que as mudanças necessitam de nossa atenção e voz, participação e atuação, o que nos exige atitudes agora que agreguem valor e se reflitam na capacidade decisória adequada dessa geração futura, já tão presente.

Ratificamos nosso sentimento de decepção e de inconformismo com as cenas lamentáveis que nossos colegas e alunos testemunharam e sofreram, dedicamo-nos a combater tais atitudes e a valorizar o amplo e irrestrito debate em todas as suas possibilidades, em todos os âmbitos, dentro e fora dos nossos muros, expressando o nosso apoio e a nossa solidariedade àqueles que, no exercício do direito de livre manifestação, sofreram desmedida repressão, num incidente de intolerância que precisa ser combatida firmemente, em todos os âmbitos dentro e fora dos nossos muros.