Para muitos cadeirantes, o limite da praia é a calçada. Além da inexistência de rampas de acesso à areia, problema comum nos equipamentos potiguares, as cadeiras de rodas não são adaptadas ao solo arenoso. Tocar o mar, portanto, só é possível com ajuda de alguém. Mas esse problema pode estar com os dias contados, graças a um projeto desenvolvido por alunos do curso de Eletrônica do Campus Natal - Zona Norte do IFRN.

O 'Crab' (caranguejo em inglês), espécie de carro coberto que permite ao usuário passear na areia sem precisar descer da cadeira de rodas, pode tornar essa atividade mais acessível às pessoas com dificuldade de locomoção. A previsão é de que o o produto comece a ser produzido, em tamanho real, até o final de 2015: “Esperamos que ele se transforme em uma política pública de acessibilidade”, destaca o professor Arthur Salgado, orientador do projeto.

No momento, existe apenas um mini-protótipo coberto por placas fotovoltaicas que lhe garantem o movimento sob o sol. À medida que a irradiação solar diminui, o sistema passa a utilizar a energia armazenada em baterias. O projeto, inclusive, já foi apresentado na Mostratec, uma das principais feiras tecnológicas do país, realizada há poucas semanas em Novo Hamburgo/RS. Na ocasião, o trabalho foi eleito, na categoria Engenharia Eletrônica, o quarto melhor do Brasil.

O estudante Iago Silva explicou que tinha apenas a intenção de criar e apresentar um produto que utilizasse energia limpa para a locomoção na Semana de Ciência e Tecnologia da Escola, que acontece no fim deste mês. Após amadurecer a ideia, porém, concluiu que seria interessante produzir um veículo movido por energia solar. “Pensamos em um veículo para a praia, porque a insolação é muito forte em nossa cidade”. 

A decisão de contemplar portadores de necessidades especiais no projeto surgiu quando um outro estudante do Campus, que é cadeirante, conversou com a equipe sobre a possibilidade de serem produzidas rodas mais largas para sua cadeira de rodas, para ele poder se locomover na areia fofa. “Fazer somente a roda somente não seria de nossa área. E, sendo ela mais larga, o usuário não teria força suficiente para empurrá-la”, completa Maraysa Araújo, parceira de Iago na ideia.

Como não atinge alta velocidade, o carro ganha mais força de tração. Segundo a equipe, ainda será pensado o controle adaptado do veículo, contemplando os vários tipos de necessidades, para a sua plena utilização.

O trabalho é resultado da parceria do IFRN com a Universidade Petrobras através do Programa de Formação de Recursos Humanos (PFRH).

Fonte: Novo Jornal (com adaptações).

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