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PREMIAÇÃO

Alunos comemoram prêmio de melhor trabalho e credencial para evento no México

Equipe participou da XVII Fenecit, em Pernambuco. Premiação aconteceu neste sábado (13)

Publicada em 13/11/2021 Atualizada há 1 ano, 3 meses

"Quando subimos ao palco, ficamos sem acreditar, porque na feira havia trabalhos maravilhosos", contou Yasmin Kaline

Os alunos do IFRN – presença constante em eventos de natureza científica –, mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia, têm sido capazes de conciliar as adaptações ao ensino remoto (e à volta gradual dos eventos presenciais) com o desenvolvimento de projetos de pesquisa. No Campus Natal-Zona Norte do Instituto, não tem sido diferente. 

Nesse contexto, os estudantes do Curso Técnico Integrado em Eletrônica Hanna Vitória Oliveira, Yasmin Kaline Carvalho e Geovani Porto conquistaram, na tarde deste sábado (13), o primeiro lugar da área Ciência Exatas e da Terra na XVII Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit). A exposição de trabalhos aconteceu de 9 a 12 de novembro no Camará Shopping, em Camaragibe, Pernambuco.

Além do prêmio de melhor projeto de sua categoria, a equipe obteve a credencial para a Expo Science México, que será realizada na península de Yucatán, localizada no litoral sudeste do país, em 2022. "Quando subimos ao palco para pegar o prêmio e a credencial para o evento no exterior, ficamos sem acreditar, porque na feira havia trabalhos maravilhosos. Foi um misto de tensão e felicidade", revelou Yasmin Kaline. A credencial para a mostra internacional é a segunda em dois meses. A primeira, em setembro, veio da Feira de Ciência e Tecnologia da Região Bragantina (Bragantec) – organizada anualmente pelo Instituto Federal de São Paulo (IFSP) – para a Feira Internacional de Inovação, Ciência e Tecnologia (Feincyt), também no México, no próximo ano.

Para Geovani, é de grande valia participar de feiras científicas porque por meio delas é possível obter feedback de diversos avaliadores, os quais trazem novas perspectivas e sugestões para o projeto. "Quando ganhamos uma premiação, conseguimos ver o potencial do trabalho e nos sentirmos ainda mais motivados para continuar. Além disso, essas participações e premiações são muito benéficas, pois aprendemos muito sobre como apresentar uma ideia, receber críticas, melhorar continuamente a ideia e desenvolver habilidades essenciais à nossa vida acadêmica", comentou o jovem.

 

Como tudo começou

Hanna Vitória enxergou a oportunidade logo que ingressou na Instituição, em 2019. Curiosa e movida pela paixão às descobertas, passou a frequentar regularmente o Laboratório de Pesquisa em Recursos Naturais do Campus. “Sempre gostei de descobrir coisas novas, e isso foi evoluindo até se transformar no desejo de um dia ser uma cientista. Três anos atrás, parecia tudo muito distante. No entanto, tudo começou a mudar a partir do momento que minha irmã Raíssa Vanessa, que é estudante de Química, começou a compartilhar comigo as suas experiências com pesquisa e inovação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Como consequência, a cada novidade contada, fui percebendo que o meu sonho poderia se tornar realidade, e que a ciência não estava restrita a estrangeiros de barba”, contou Hanna.

Apesar da empolgação com aquilo que ouvia da irmã, o interesse pela ciência tomou conta da adolescente quando chegou ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte. “O ponto de partida para mim, no Campus Natal-Zona Norte do Instituto, foi o seminário de iniciação à pesquisa (realizado anualmente pela Coordenação de Pesquisa e Inovação). Fiquei feliz ao descobrir que a iniciação científica estava ao meu alcance no próprio IFRN e, a partir daquele momento, busquei me dedicar ao máximo a participar de estudos, pesquisas e a desenvolver projetos”, explicou.


Interesse pela pesquisa a serviço da educação e do meio ambiente

Em 2019, outros dois colegas de turma, também apaixonados por descobertas, se juntaram a Hanna nos estudos: Geovani Porto e Yasmin Kaline. “A gente tinha muita afinidade, pois cada um se interessava muito por pesquisa”, revelou Geovani. O local onde se encontravam com frequência, o laboratório, serviu de inspiração para refletirem sobre uma questão educacional importante não só no âmbito acadêmico, mas também social. “Entre idas e vindas ao laboratório do Campus Zona Norte e o da UFRN, onde utilizávamos alguns equipamentos para análises químicas que não havia na escola, começamos a nos perguntar: ‘se nós, que estudamos em uma instituição federal, que, apesar da excelente estrutura, nem sempre tem tudo de que precisamos para as nossas pesquisas, como deve ser a realidade dos alunos das escolas públicas estaduais e municipais, que carecem de mais investimentos em educação?''', questionou Geovani.

De acordo com ele, a maioria dos diversos aparelhos criados para análises químicas e físicas é difícil de interpretar, manusear e locomover, tem preço elevado e é inacessível ao público não universitário. Um outro problema enfrentado nos laboratórios de química, na opinião do estudante, envolve a utilização de grandes volumes de amostras e reagentes que, “sem o descarte correto ou reaproveitamento dos resíduos, podem ser prejudiciais ao meio ambiente”.


Análises químicas na palma da mão

A problemática serviu de base para a equipe ter uma ideia e desenvolvê-la. Dela surgiu o SmartLab, projeto que usa o smartphone, popular principalmente entre os jovens, para realizar análises físico-químicas de maneira acessível a estudantes de escolas que não dispõem de laboratórios e equipamentos de química. Nesse sentido, os autores aplicam conhecimentos em matemática e programação para obter dados químicos a partir de imagens.

Para Kaline, o trabalho do grupo pode contribuir com a criação de um método para uso dos alunos da IFRN em suas pesquisas científicas, como alternativa aos aparelhos de alto custo. “O tema do nosso projeto é interdisciplinar e pode ser incorporado como método de ensino pelos professores do Instituto, inclusive durante o ensino remoto, permitindo realizar atividades práticas nas casas dos estudantes com materiais acessíveis, facilitando o nosso aprendizado e estimulando o interesse pelas disciplinas”, apontou.

Em outras palavras, o SmartLab se propõe tanto a reduzir custos das análises químicas quanto a possibilitar a diminuição do uso de reagentes que podem poluir o meio ambiente. O aplicativo, que está sendo desenvolvido, potencializaria a aplicação desse método, tornando-o viável, visto que os experimentos seriam realizados por meio de infraestrutura simples, sem ambientes laboratoriais sofisticados. 

Durante o período de execução do projeto, foram realizados experimentos com imagens digitais como fonte de dados. Um deles envolveu adição de água em um suco de uva e a captura de imagens dessas misturas, a fim de prever o volume de água no suco. O grupo utilizou também metodologia similar para determinar valores de pH - referência para determinar o nível de acidez de uma solução aquosa - usando pigmentos vegetais extraídos de repolho roxo como indicador. 

O trabalho desenvolvido conta com a orientação dos professores Alba Lopes (IFRN), Daniel Dantas e Pollyana Castro (UFRN), além da graduanda Raíssa Vanessa Oliveira (UFRN).


Outros prêmios

De 2020 até agora, os estudantes ganharam vários prêmios. Nas duas últimas edições da Feira Brasileira de Jovens Cientistas, realizadas em 2020 e 2021, na forma online, devido à pandemia, o trio conquistou o Prêmio Estudante Destaque, o Prêmio Inovação Tecnológica  “Creality Brasil” e duas vezes o segundo lugar da área Ciências Exatas e da Terra. 

Neste ano, o trio também saiu vitorioso da Mostratec Liberato – considerada a maior feira de ciências da América Latina. Na categoria Bioquímica e Química, o SmartLab ganhou como melhor trabalho; da mostra vieram outras três premiações: o Prêmio Revista Liberato Científica e duas credenciais – uma para a IV FeNaDante, em São Paulo/SP, e outra para a própria Fenecit, da qual acabaram de participar.

Em 2020, o SmartLab foi escolhido o terceiro melhor projeto em outros dois eventos: a Mostra Científica e Tecnológica dos Jovens Pesquisadores do Estado do Pará (Mocitec Jovem), promovida pelo Campus Abaetetuba do Instituto Federal do Pará (IFPA), e a Feira de Ciência e Tecnologia (Fecitec Palotina), organizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).