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Semana da Mulher

Ser mulher é buscar viver em equilíbrio

Fabiana Marcelino se desdobra para conciliar vida profissional, acadêmica e pessoal

Publicada em 15/03/2020 Atualizada há 1 ano

Fabiana Marcelino, psicóloga educacional

Viver a vida com equilíbrio: assim poderíamos resumir o depoimento de Fabiana Marcelino, 40 anos. Psicóloga educacional do Campus, ela mora em Natal, mas viveu quase 5 anos no interior do estado do Rio Grande do Norte em função do seu trabalho no IFRN. Atividade esta que exigiu que ela saísse de sua zona de conforto, deixando sua família na capital, para viver uma nova experiência.

Ex-aluna da então Escola Técnica Federal do RN (ETFRN), desde que ingressou no instituto como servidora se desdobra na tentativa de conciliar as várias mulheres de sua personalidade. Como mulher, “o desafio para mim hoje, é o desafio de muitas mulheres: conseguir equilibrar a vida acadêmica e profissional com a vida doméstica. Ter que lidar com todas estas partes da vida sem deixar nada desequilibrado, desorganizado”, diz ela, com a consciência de que estas são obrigações que foram socialmente impostas e que a mulher, ao longo da história, assumiu para si, enquanto lutava por seu espaço no mundo. “E, ao mesmo tempo, estando ciente de que a gente não é perfeita para estar 100% em cada uma dessas partes da vida. É preciso entender a limitação e, ao mesmo tempo, estar sempre buscando com que estas áreas da vida estejam indo bem ou o melhor possível, pelo menos. Fazer o melhor que pode do jeito que der”, completa. Assim, ela vai administrando sua vida, entendendo que a mulher moderna tem aprendido a viver com o conflito entre o que tem que fazer, o que quer fazer e o que pode fazer.

No Campus, a psicóloga faz atendimento a estudantes e, com eles, também desenvolve projetos de ensino, extensão e pesquisa. Para ela, a oportunidade de “trabalhar no IFRN significa contribuir com a luta pela justiça e igualdade social, nas suas diversas dimensões: social, racial, de gênero e em relação à orientação sexual também”. Seu trabalho tem contribuído para formação ética e cidadã dos discentes.

Era de se esperar Fabiana trazer consigo a inspiração em mulheres bem próximas a ela. Cita sua tia Analba Teixeira, antropóloga e educadora popular, bastante atuante no movimento feminista nacional e internacional; e sua irmã Zilana Marcelino, que abdicou da carreira em função da família e recentemente voltou a estudar, fez graduação em pedagogia e é mestranda em Educação, estudando questões de gênero na área da educação extra escolar. Ambas desenvolvem estudos bem próximos às áreas de interesse da psicóloga.

A estudante Fabiana, hoje cursando doutorado, momento marcante em sua vida, se diz realizada. “Para mim é um ápice na vida acadêmica estar nesse nível de ensino.” Apesar das dificuldades que foram retomar o ritmo de estudos, após quase 10 anos afastada das cadeiras da universidade e, ainda, ter que conciliar com o trabalho e a família, ela reencontrou “o prazer que tinha de estudar, de ler não por prazer, mas ler estudando e com prazer” e, mais do que isso, afirma que “estudar é um fator de proteção de saúde mental. É algo que me faz muito bem.”

Conseguir equilibrar e viver bem cada esfera da sua vida, é o que dá significado de ser mulher para Fabiana. “É a possibilidade de assumir e encarar os desafios, de equilibrar a vida pública de profissional e acadêmica com a vida privada, vida doméstica. Isso requer força, determinação, assumir mesmo sua responsabilidade. Eu acho que a mulher assume isso. Não deveria ser só ela a assumir isso”, lamenta. “Independente dessa desigualdade, o fato é que a mulher assume realmente as suas responsabilidades em todos os âmbitos, inclusive, às vezes, abrindo mão de algumas coisas, fazendo alguns ajustes”, completa, trazendo novamente à fala o discurso de que a mulher se impõe obrigações além de suas capacidades como forma de lutar por seu espaço.

 

Mensagem às mulheres

“Eu quero deixar como mensagem para as mulheres, que elas encontrem seu lugar no mundo e corram atrás dele. A gente ouve muito isso. Mas será que as meninas realmente entendem que o lugar de mulher é onde ela quiser? Não importa a área, não importa a função. O que elas realmente desejam para si, se elas desejam, elas podem. Então, a mulher tem essa potência, tem essa possibilidade e deve ir buscar se é o que quer, se é o que deseja mesmo. Lugar de mulher é onde ela quiser.”