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8 de março

Campus parabeniza mulheres e alerta para a necessidade de políticas públicas específicas

A beleza da data não pode ofuscar a seriedade da luta.

Publicada em 07/03/2015 Atualizada há 1 ano

Campus Mossoró, por meio dos gestores, parabeniza as mulheres pelo dia “8 de março - Dia Internacional da Mulher”. Uma data que ficou na história porque foi exatamente nesse dia, em 1857, que as operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, resolveram fazer greve visando reivindicar melhores condições de trabalho. Elas ocuparam a fábrica e começaram a clamar por: redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

O resultado dessa luta foi drástico, as reivindicações femininas foram recebidas com total violência, as mulheres foram trancadas dentro da fábrica e foram incendiadas numa tentativa de silenciar suas vozes. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato desumano.

Atualmente, as mulheres alcançaram inúmeras melhorias para sua classe, no entanto, a luta continua, pois a constante luta por emancipação feminina iniciada na época da revolução industrial, no final do século XIX, com o intuito de quebrar conceitos estereotipados em relação ao papel que a mulher exerce na sociedade patriarcal não pode parar. Por isso, neste dia 8 de março as mulheres de todas as raças, classes, tribos e nações podem conclamar: Não almejamos a superioridade social, também não aceitamos a inferioridade. Lutamos pela igualdade de gêneros. Para Saffioti (2004), as desigualdades de gênero e raça constituem fontes de conflitos.

Assim sendo, Strey (1997) defende que as mulheres não disputam lugares de destaque na sociedade, tipo as mulheres em primeiro lugar e homens em segundo. Ao contrário, elas lutam por direitos iguais, pois na sociedade patriarcal a mulher é tida como uma espécie de objeto do homem, porque é raro ela acender a um posto de prestígio nesta sociedade, pois a igualdade entre homens e mulheres é uma realidade distante de ser alcançada.

Mediante a discussão, de acordo com Louro (1997), há uma grande necessidade de tornar visível a mulher que fora ocultada na sociedade sexista. Essa invisibilidade foi proporcionada às mulheres através de diversos discursos ao longo da história, isto é, são reflexos derivados das características das esferas privada e doméstica.

Para Saffioti (2004), a atitude da sociedade patriarcal é o modelo da família do século XIX.  Este tempo é responsável por definir as obrigações entre homens e mulheres, ou seja, o homem exerce uma profissão no mercado de trabalho e a mulher trabalha sendo a responsável pela família e os afazeres do lar. Esses conceitos estereotipados ainda fazem parte do dia a dia de muitas famílias brasileiras e do mundo. Também informamos que esses padrões de funções preestabelecidas, os quais, uns são beneficiados e outros marginalizados, estão presentes em todas as classes sociais.

Estamos diante de um quadro opressor que precisa mudar, urgentemente, para a classe feminina. Por isso, celebramos com todas as mulheres o "dia 8 de março", essa data é um marco para as mulheres porque ela denota o princípio da valorização. Entretanto, alertamos para a necessidade de haver mais políticas públicas específicas para a luta denominada “emancipação feminina”, pois a beleza dessa data não pode ofuscar a seriedade dessa luta.

Como explicou (SIMONE BEAUVOIR, 1980, p. 9), ninguém nasce mulher, torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre macho e o castrado que qualificam de feminino. Isto é, os papeis que cada gênero desempenha no dia a dia são construções sociais. Que essas construções preestabelecidas ao longo da história deixem de ser sinônimos de aprisionamento físico ou psicológico. Que passem a ser reflexos de uma nova era, reflexos de liberdade entre os gêneros. Pois, nascemos livres, nós que nos aprisionamos, seja pela falta de conhecimento ou de oportunidades.

A emancipação feminina é uma luta contra o preconceito, o egocentrismo e os conceitos patriarcais conservadores que insistem em se manter vivos no presente século. Por isso, devemos lutar pela igualdade quando a diferença nos oprime, enquanto também devemos lutar pela diferença toda vez que a igualdade nos descaracteriza, e pela liberdade quando a submissão estereotipada rouba o direito de exercer a própria identidade todos os dias ao longo de uma vida.

Enfim, 8 de março é uma data para celebrar o avanço da classe feminina, entretanto, enfocamos que todo dia é dia da mulher, assim como dos homens, pois ambos foram criados para viverem lado a lado, um é o complemento do outro. Ninguém é superior ou melhor que ninguém, até que se prove o contrário.